A cultura cabo-verdiana tem o seu coração a pulsar na poesia, espelhada nas mornas, nas histórias de sabor popular e nas novelas… a sua alma gira em torno da “sodade“, termo que deriva da ‘”saudade” portuguesa.

O primeiro movimento poético cabo-verdiano eclodiu em 1890, não refletindo ainda, propriamente, sobre a identidade cabo-verdiana, mas como estrita derivação do gosto português. O movimento nasceu em São Nicolau, à época o centro intelectual de Cabo Verde. Este período, dito clássico, durou até 1930. O compositor e poeta Eugênio Tavares, que recriou e popularizou a morna, introduzindo as letras da música em crioulo, foi um ilustre representante desta corrente literária.

Em 1936 um novo movimento literário veio substituí-lo. Estava centrado na revista literária “Claridade” e tinha como ponto de referência a cultura Crioula e as condições de vida da população. Baltazar Lopes, Jorge Barbosa e Manuel Lopes, três nomes fundamentais da literatura das ilhas, introduziram um novo estilo no labor poético, refletindo sobre o paradoxo que sempre atormentou o cabo-verdiano e que consiste no desejo de sair quando é forçado a ficar e no desejo de ficar quando é obrigado a partir.

Atualmente, os escritores cabo-verdianos estão ocupados em recriar o seu enraizamento africano. Entre eles destacam-se Germano de Almeida e Corsino Fortes.