O trabalho criativo dos artesãos populares de Cabo Verde tem sido merecidamente apoiado pelo Centro Nacional de Artesanato (que será reinaugurado em 2007), sediado no Mindelo, e cuja função consiste em investigar, formar, produzir, comercializar e divulgar as diversas expressões do artesanato cabo-verdiano. Como sociedade cosmopolita que é integrada nos ventos da globalização e intercâmbio de experiências, Cabo Verde tem artistas plásticos de reconhecido mérito a nível internacional. Em primeiro lugar citemos Leão Lopes, uma referência incontornável da cultura atual; ceramista, gráfico, fotógrafo, animador da galeria Alternativa, mentor da revista “Ponto e Vírgula”, enfim, artista polivalente que pensa o presente já projetado para o futuro. Mas também merecem menção os pintores Kiki Lima, Tchalé Figueira, Bela Duarte (tapeçaria), Luísa Queiroz e Manuel Figueira – haveria muitos mais a citar – cuja obra reflete sobre a dimensão social cabo-verdiana enquadrada num imaginário fantástico.

MÚSICA
Gêneros musicais de Cabo Verde

Com o surgimento do conceito de world music (músicas do mundo) nos anos 1990, a música cabo-verdiana saiu progressivamente das suas fronteiras naturais tornando-se, para o resto do mundo, no cartão de visita deste arquipélago sem recursos naturais da costa oeste-africana descoberto pelos portugueses em Maio de 1460. Essa mudança à escala mundial se deve acima de tudo à Cesária Évora que chegou a cidades nunca antes visitadas pela música cabo-verdiana.

Na sua conquista do planeta, Cesária levou consigo a coladera e, sobretudo, a morna que o compositor Manuel d’Novas define como «a música rainha da nossa terra» (in “Nôs morna”). Porém, a música do arquipélago não se esgota neste gênero musical poético nem na mexida coladera. O funana e o batuque completam o lote dos gêneros mais representativos da música de Cabo Verde.

A cultura cabo-verdiana é mestiça, resultado do encontro entre dois povos e suas respectivas culturas: o colonizador português e o escravo africano. Esta dupla influência caracteriza a música crioula. De um lado, a morna e a coladera, cujas melodias denunciam uma ligação europeia mas também latino-americana extremamente forte, e do outro, o batuque e o finaçon, que conservam uma influência africana notória. A música cabo-verdiana inclui ainda gêneros ligados à religião (ladainhas, cola San Jon, etc.), cantigas de trabalho (cantigas da monda, cantigas marítimas e pastoril) e cantigas infantis (cantigas de ninar, cantigas de roda, etc.).